Setembro Amarelo: Suicídio é quatro vezes maior entre pessoas em cumprimento de pena no Brasil, aponta levantamento


O suicídio é uma realidade muito mais comum dentro dos presídios do que fora. É o que mostra um levantamento da Revista Piauí1, com base nos últimos dados divulgados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública2, numa pesquisa divulgada entre 2016 a 2019.

Neste mesmo período, as unidades carcerárias registraram 25,2 suicídios a cada 100 mil presos, quatro vezes a mais que a taxa da população brasileira em geral (6 suicídios por 100 mil habitantes). Além disso, a taxa de suicídios no sistema penitenciário se agravou de 15,7 para 25,2 mortes a cada 100 mil cidadãos em cumprimento de pena.

A Fundação Santa Cabrini abraça a Campanha do Setembro Amarelo3 , campanha mundial de conscientização e prevenção ao suicídio, a fim de promover o bem-estar psíquico e emocional da população em cumprimento de pena no Estado do Rio de Janeiro. A saúde mental de cidadãos privados de liberdade também importa.

Em paralelo ao alto índice nas unidades prisionais, o dilema do autoextermínio assusta cada vez mais gestores públicos em todo o mundo. De acordo com os dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)4 e da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos um suicídio ocorre no planeta, resultando em mais de 800 mil vidas perdidas anualmente em todo o mundo.

A falta de transparência e diálogo sobre saúde mental na sociedade é apontada por especialistas como sendo o principal responsável. É o que explica a psicóloga da Fundação Santa Cabrini, Dione Paiva. “Falar é a melhor solução. Buscar ajuda profissional para problemas ligados à saúde mental não é vergonha nem frescura nenhuma. Todo mundo desabafa com o amigo ou com um parente. Mas por que não buscar uma escuta qualificada através de um profissional? É preciso promover a cultura do cuidado com a saúde mental”, ressalta.

Como surgiu o Setembro Amarelo?

Com Michael Emme5, de 17 anos, natural de Westminter Colorado, Estados Unidos. Jovem autodidata, carismático e esforçado , Michael impressionava professores, colegas e familiares. Os sinais passaram despercebidos e todos foram surpreendidos com a tragédia: Na noite de 8 de setembro de 1994, encontraram ele já sem vida dentro do seu carro Mustang 68 amarelo, com o seguinte bilhete “Não se culpem. Amo vocês”

No velório, fitas e cartões com a cor amarela foram distribuídas pelos pais e amigos de mike, com a mensagem:

“Se precisar, peça ajuda.”

Em pouco tempo, mais cartões e fitas amarelas com mensagens assim, começaram a se espelhar pelos Estados Unidos consolidando ação como um movimento nacional pela vida.

Em 2003, a OMS decretou o dia 10 de Setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio e o amarelo do Mustang 68 de Mike foi escolhido para ilustrar a causa.

Em 2015, a campanha do Setembro Amarelo foi iniciada no Brasil pelo Centro de Valorização da Vida (CVV)7, no número 188, que oferece atendimento gratuito e seguro em todo o país por telefone, e- mail e chat 24 horas todos os dias.

A Fundação Santa Cabrini oferece acompanhamento psicológico à população privada de liberdade no Estado do Rio de Janeiro, em concordância com a Lei de Execução Penal (n° 7.210/84), que garante o direito à “assistência social” por parte do cidadão em cumprimento de pena. Atendimentos são realizados de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h, no Largo do Machado 48, Catete.

Faça a sua parte!

Sabia que pode haver pessoas como Michael Emme a sua volta? Esteja atento aos sinais. Ofereça ajuda e compartilhe os canais do Centro de Valorização da Vida (Disque 188). Participe você também do Setembro Amarelo. Transparência e diálogo salvam vidas!